“No Ensino Médio, não havia um dia em que não me desculpasse por ter uma deficiência”, diz Sonya Rio Glick
Sonya Rio Glick nasceu prematura e com problemas de saúde. Aos 2 anos de idade, foi diagnosticada com paralisia cerebral, condição que afeta duas em cada mil crianças nascidas vivas no mundo. O quadro inclui dificuldade motora, rigidez muscular e distúrbios ou atrasos de fala. A experiência de enfrentar o capacitismo – o preconceito contra pessoas com algum tipo de deficiência – a transformou numa ativista na adolescência: “dizer que meu corpo é doente é uma imposição”, declarou em entrevista recente.
Depois de anos tendo suas necessidades ignoradas na escola onde estudava no Ensino Médio, Glick fez um documentário, “The souls of our feet” (“As almas dos nossos pés”). Tinha apenas 17 anos e não estava disposta a ser deixada para trás. Na faculdade de arte, criou a coreografia “This body´s heart” (“O coração desse corpo”), que representava seis situações vividas por ela, como o medo de não conseguir sair do dormitório quando o alarme de incêndio disparou, porque não havia um protocolo especial para alunos com deficiências.
O passo seguinte foi se engajar na Phamaly, a primeira companhia teatral profissional nos EUA composta por artistas deficientes. Também se sentiu acolhida para assumir suas limitações e comprou sua primeira cadeira de rodas. Antes, obrigava-se a andar, apesar de a locomoção ser um desafio que a exauria. Além de ter dançado em diversas companhias, escreve e dá palestras para organizações sobre como combater o capacitismo e empoderar pessoas com deficiências. Foi na arte que encontrou sua comunidade e uma voz para contar a própria história:
“No Ensino Médio, não havia um dia em que não me desculpasse por ter uma deficiência: se esbarrasse numa pessoa, se fizesse uma fila demorar. Só fui encontrar alguém que se parecesse comigo ou se movimentasse como eu quando tinha 20 anos”.
Fonte: G1