10 anos da Lei Brasileira de Inclusão: avanços, desafios e a luta por uma sociedade verdadeiramente acessível

Aprovada há uma década, a LBI marca conquistas históricas para as pessoas com deficiência, mas a efetivação plena de seus direitos ainda enfrenta barreiras estruturais.

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iLUSTRAÇÃO: dibr

Em julho de 2025, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI) — também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência — completa 10 anos de existência. Sancionada em 6 de julho de 2015 (Lei nº 13.146), ela representa um marco na consolidação de direitos e no combate ao capacitismo no Brasil.

Ao longo da última década, a LBI pavimentou caminhos para o acesso à educação, ao trabalho, à saúde, à mobilidade urbana e à participação política. No entanto, ainda é urgente transformar o que está na lei em realidade efetiva e acessível para todos.

O que é a Lei Brasileira de Inclusão?

A LBI é uma legislação de caráter transversal, baseada nos princípios da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da qual o Brasil é signatário. Seu objetivo é garantir a inclusão plena das pessoas com deficiência em igualdade de condições com as demais.

A lei reconhece a deficiência como resultado da interação entre as barreiras do meio e as limitações funcionais, promovendo o modelo social da deficiência — que vai além da perspectiva médica e valoriza o papel da sociedade na eliminação dos obstáculos.

Avanços garantidos pela LBI

Nestes 10 anos, a LBI ajudou a consolidar uma série de direitos, como:

  • Prioridade no atendimento em serviços públicos e privados;
  • Acesso à educação inclusiva, com proibição de cobrança adicional em escolas particulares;
  • Reserva de vagas em concursos públicos e empresas com mais de 100 funcionários;
  • Apoio à autonomia, reconhecendo a capacidade legal das pessoas com deficiência;
  • Criminalização da discriminação, com penas específicas para atos capacitistas;
  • Direito à mobilidade, com exigência de acessibilidade em transporte e edificações.

Essas medidas colocaram a pauta da deficiência no centro do debate sobre direitos humanos e justiça social.

Desafios ainda presentes

Apesar dos avanços legais, a efetivação plena da LBI ainda está longe de ser realidade. Entre os principais desafios enfrentados hoje estão:

  • Falta de acessibilidade física e digital em serviços públicos e privados;
  • Despreparo de profissionais da saúde, educação e segurança pública;
  • Baixa inclusão no mercado de trabalho, apesar da lei de cotas;
  • Sub-representação política e pouca participação nos espaços de decisão;
  • Capacitismo estrutural ainda enraizado em práticas sociais, políticas e institucionais.

A ausência de fiscalização, recursos e vontade política compromete a aplicação da lei e reforça desigualdades históricas.

O papel da sociedade e das instituições públicas

A luta por inclusão não cabe apenas às pessoas com deficiência. A LBI é uma ferramenta para toda a sociedade. É dever de instituições públicas, empresas, universidades, meios de comunicação e cidadãos garantir que os direitos previstos não fiquem apenas no papel.

A cada ciclo político, é preciso estar atento a tentativas de retrocesso legal ou enfraquecimento das políticas públicas para pessoas com deficiência. O respeito à LBI depende também da mobilização social e da escuta ativa dos movimentos de base.

A Lei Brasileira de Inclusão completa 10 anos como um marco civilizatório na defesa dos direitos das pessoas com deficiência. No entanto, sua existência não basta: é preciso tirar a LBI do papel, garantir sua implementação em todos os níveis e combater o capacitismo em suas múltiplas formas.

Celebrar a LBI é, acima de tudo, reafirmar o compromisso com uma sociedade verdadeiramente acessível, justa e igualitária.

*Com informações do SISEJUFE

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