A deficiência é uma condição que faz parte da diversidade humana, de sua experiência e pode afetar qualquer pessoa, em qualquer fase da vida. Manifestando-se de diversas formas, a deficiência pode ser física ou motora, auditiva, visual, sensorial e intelectual. No entanto, mais importante do que a condição em si, é a maneira como a sociedade acolhe, inclui, se refere e interage com as pessoas com deficiência.
A palavra “deficiência”, carrega consigo um histórico complexo, oscilando entre a medicalização e a exclusão social. Ao longo dos anos, a terminologia utilizada para se referir a pessoas com deficiência passou por diversas transformações, refletindo a evolução das lutas por reconhecimento e inclusão. Neste pequeno guia, exploraremos as diferentes terminologias, seus impactos e as melhores práticas para uma comunicação respeitosa e inclusiva.
Terminologias: O Correto e Respeitoso
A terminologia utilizada para descrever pessoas com deficiência tem evoluído significativamente, refletindo uma mudança na percepção social e um esforço contínuo para promover a inclusão. O termo “pessoa com deficiência” é atualmente o mais aceito e recomendado, pois coloca a pessoa antes de sua condição, promovendo uma visão mais humanizada e respeitosa. Este termo foi endossado pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU (2007) e posteriormente, no Brasil, em 2015, ratificado pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência e é utilizado para enfatizar a pessoa antes de sua condição.
No entanto, termos como “deficiente” e eram comumente atrelados preconceituosamente às deficiências físicas e, em outro viés, externam o capacitismo presente em tais expressões ainda utilizadas.
Evitando Termos Obsoletos e Inadequados
Termos como “deficiente”, ou “aleijado” ainda são foram por muito tempo utilizados como substantivos, reforçando a ideia de uma “falta”, “defeito” ou “incapacidade”. Por outro lado, termos como “portador de deficiência” e “pessoa com necessidades especiais” são considerados obsoletos e inadequados. Eles carregam conotações pejorativas, reforçam estigmas, são capacitistas e desviam a pessoa com deficiência de sua verdadeira identidade como pessoa.
A Importância da Linguagem Inclusiva
A linguagem molda a realidade. Ao adotar uma terminologia respeitosa e inclusiva, contribuímos para a construção de uma sociedade que valoriza a diversidade e promove a igualdade de oportunidades. A terminologia correta ajuda a desencorajar práticas capacitistas e a reconhecer as habilidades e potencialidades de cada indivíduo.
Terminologia Adequada:
- Pessoa em primeiro lugar: Utilize “pessoa com deficiência” ao invés de “deficiente”.
- Especifique o tipo de deficiência: “deficiência visual”, “deficiência auditiva”, “deficiência intelectual”, “deficiência física”.
- Evite termos genéricos: “especial”, “necessitado”, “diferente”.
- Seja específico e objetivo: “usuário de cadeira de rodas”, “cadeirante”, “pessoa com baixa visão”.
- Consulte a pessoa: Sempre que possível, pergunte à pessoa como prefere ser chamada e assim pode evitar constrangimentos.
Ao escrever sobre deficiência, é essencial escolher palavras que reflitam respeito e inclusão. O uso da terminologia correta é um passo fundamental para promover a inclusão, evidenciar o respeito e proporcionar uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos as pessoas com e sem deficiências são valorizadas por suas contribuições únicas. Ao continuar a educar a sociedade sobre a importância da linguagem inclusiva, possibilita-se a a evolução do mundo para um lugar acolhedor para todos.
Apesar dos avanços na terminologia e na inclusão, ainda existem desafios significativos. Muitas pessoas com deficiência enfrentam barreiras no acesso à educação, ao emprego e aos serviços de saúde. A sociedade e o poder público precisam continuar trabalhando para remover essas barreiras e garantir que todos tenham as mesmas oportunidades de participar plenamente em todos os aspectos da vida.
Angelo Marcio
É muito importante voltar a produzir textos.