O setor educacional brasileiro está passando por uma transformação tecnológica, especialmente com a ascensão das IAs que leem textos, o que favorece portadores de deficiência. O país está fazendo grandes investimentos em tecnologia como IA para atender às necessidades educacionais de seus 18,6 milhões de cidadãos com deficiência.
Houve regulamentações de inteligência artificial aprovadas pelo Senado brasileiro em dezembro de 2024, através do PL 2.338/2023, que aguarda aprovação da Câmara dos Deputados, além do orçamento de 23 bilhões de reais alocado no âmbito do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) 2024-2028. Este investimento está focado em áreas como educação, serviços públicos e pesquisa.
População com deficiência e desafios educacionais no Brasil
Segundo dados do PNAD 2022 do IBGE, o Brasil possui uma significativa população com deficiência que enfrenta barreiras educacionais complexas. São mais de 18,6 milhões de pessoas com deficiência (8,9% da população acima de 2 anos) e, neste contexto, aproximadamente 506 mil pessoas completamente cegas.
Existem mais de 6 milhões de pessoas com diferentes níveis de deficiência visual e a taxa de analfabetismo de pessoas com deficiência é de 19,5% (4,1% para pessoas sem deficiência).
Esta disparidade educacional reflete décadas de exclusão sistemática e falta de recursos adequados. A diferença alarmante nas taxas de alfabetização demonstra o quão críticas são as ferramentas de acessibilidade como as tecnologias text-to-speech.
Muitos estudantes com deficiência visual historicamente dependiam de materiais em braille limitados ou da assistência de terceiros para acessar conteúdos educacionais.
Porém, a tecnologia de conversão de texto em fala está revolucionando esta realidade. Estudantes podem agora acessar bibliotecas inteiras de conteúdo acadêmico instantaneamente, participar de aulas online em tempo real e estudar de forma independente.
Para famílias de baixa renda com deficientes visuais, esta tecnologia representa uma oportunidade de mobilidade social antes inalcançável.
Papel da tecnologia text-to-speech na educação
A tecnologia text-to-speech está redefinindo o panorama educacional brasileiro, servindo não apenas estudantes com deficiência, mas também transformando a experiência de aprendizagem para toda a população estudantil.
Esta tecnologia representa uma ponte entre a educação tradicional e as necessidades do século XXI. Os principais benefícios desta revolução tecnológica incluem:
- Fornecer acessibilidade universal para estudantes com deficiência
- Oferecer suporte linguístico em salas multilíngues
- Criar conteúdo personalizado para diferentes estilos de aprendizagem
- Aumentar a flexibilidade na educação à distância
O impacto vai além da simples conversão de texto. A tecnologia permite que estudantes multitarefas possam “ler” enquanto se deslocam, que pais ocupados acompanhem os estudos dos filhos durante atividades domésticas e que professores criem conteúdos mais dinâmicos e envolventes.
Esta transformação tornou-se ainda mais evidente durante e após a pandemia de COVID-19, quando a educação à distância se tornou uma necessidade global.
As ferramentas de conversão de texto em fala permitiram que milhões de estudantes brasileiros mantivessem seus estudos mesmo sem acesso a recursos educacionais tradicionais.
Professores relatam maior engajamento estudantil quando incorporam elementos áudio em suas aulas, especialmente em disciplinas que tradicionalmente dependem de leitura extensiva.
Problemas de infraestrutura e busca por soluções
O maior obstáculo que o Brasil enfrenta nesta transformação tecnológica são as inadequações de infraestrutura. O acesso à internet no país e a infraestrutura tecnológica nas escolas ainda não estão no nível desejado. Esta situação coloca as escolas em áreas rurais em uma posição ainda mais difícil.
Estes problemas de infraestrutura criam dupla dificuldade no acesso à tecnologia. Especialmente para estudantes com deficiência, é necessário garantir tanto acessibilidade física quanto digital.
O plano de IA do governo também inclui investimentos em infraestrutura para resolver estes problemas, e desenvolvimentos significativos são esperados nesta área nos próximos anos.
Segurança de dados e regulamentações legais
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) do Brasil estabelece critérios rigorosos para o uso de dados de estudantes menores de 18 anos. Esta situação requer atenção especial na implementação de tecnologias de inteligência artificial em instituições educacionais.
Pesquisas apoiadas pelo Laboratório de Combate à Pobreza Abdul Latif Jameel revelam que sistemas de inteligência artificial mostram efeitos positivos nos ensaios do exame nacional de ingresso universitário do Brasil.
No entanto, para o uso generalizado destas tecnologias, é necessário tanto fortalecer a infraestrutura técnica quanto esclarecer os marcos legais.
Perspectiva futura
Os passos que o Brasil está dando em inteligência artificial na educação são promissores. O investimento de 23 bilhões de reais pode aumentar o acesso de 18,6 milhões de cidadãos com deficiência às oportunidades educacionais. As tecnologias text-to-speech estão no centro desta transformação.
No entanto, o sucesso será possível não apenas com investimentos em tecnologia, mas com a resolução de problemas de infraestrutura, treinamento de professores e regulamentações legais adequadas.
O potencial de crescimento do mercado e as pesquisas em andamento mostram que o Brasil pode liderar nesta área. O crítico é garantir que estas tecnologias cheguem igualmente a todos os estudantes, especialmente àqueles estudantes com deficiência que mais precisam.