Nova esperança: proteína da placenta ajuda pessoas com lesão medular a recuperar movimentos

Tratamento inovador reacende a esperança de autonomia e qualidade de vida para pessoas com deficiência física.

Sou o Angelo e estou sorrindo sentado em cadeira de rodas, vestindo camisa social branca, gravata preta e óculos, com fundo de parede verde.
Por Angelo Márcio - Deficientes Indignados Br
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Ilustração: DIBr

Em pleno Setembro Verde, mês dedicado à luta das pessoas com deficiência por seus direitos e principalmente contra o capacitismo, cientistas brasileiros da medicina regenerativa da UFRJ apresentam um motivo a comemorar, que é um marco importante no Brasil. Os cientistas identificaram que uma proteína extraída da placenta humana pode ajudar na recuperação de movimentos em pessoas e animais com lesão na medula espinhal. A descoberta, que mostrou resultados positivos em testes com cães e humanos, reacende a esperança para milhares de pessoas que convivem com a perda de mobilidade.

O desafio da Lesão Medular

As lesões na medula espinhal são uma das condições mais incapacitantes que existem. Dependendo da gravidade e do local do trauma, a pessoa pode perder parcial ou totalmente a capacidade de se movimentar, bem como a sensibilidade a partir do ponto da lesão na coluna vertebral. Atualmente, não há cura definitiva para esse tipo de lesão, e os tratamentos disponíveis visam, em sua maioria, evitar complicações e melhorar a qualidade de vida da pessoa com lesão medular.

Essa realidade, porém, pode estar prestes a mudar. É o que se espera com a utilização da proteína placentária.

Como funciona a proteína da placenta

A placenta é um órgão rico em células e moléculas com grande potencial regenerativo. Entre elas, cientistas brasileiros identificaram uma proteína capaz de estimular a regeneração de neurônios e a reconexão das fibras nervosas danificadas pela lesão.

Nos experimentos, a proteína foi aplicada em regiões afetadas da medula espinhal. Com o tempo, os pesquisadores observaram a formação de novas conexões neuronais e, consequentemente, a recuperação parcial de movimentos e sensibilidade, tanto em cães quanto em humanos.

Essa descoberta é especialmente relevante porque demonstra a capacidade de inovação da ciência nacional em um campo altamente competitivo e de impacto global. Por outro lado, traz uma esperança real para as pessoas que vivem com sequelas de lesões na medula, que agora podem sonhar com uma melhora significativa na qualidade de vida.

Impacto social e emocional

Ser uma pessoa com deficiência física, no caso de lesão medular com perda de movimentos, revela apenas parte de uma realidade que não afeta somente a saúde física, mas também, de forma menos visível, a vida social como im todo. A possibilidade de recuperar parte da autonomia — ou até mesmo toda ela, mantendo aqui a esperança — pode significar voltar a realizar tarefas básicas do dia a dia ou, poeticamente falando, “sentir a textura da areia sob os pés”. Além disso, representa reduzir a dependência de cuidadores, resgatar a autoestima e, quem sabe, chegar ao ponto de não mais necessitar de um Setembro Verde ou do Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência que visa sensibilizar a sociedade para as causas das pessoas com deficiência e reafirmar que somos iguais.

A esperança que fica é de que a utilização da proteína da placenta para regenerar a medula espinhal se desenvolva com apoio e celeridade. Embora ainda seja cedo para falar em cura definitiva, os resultados já alcançados mostram que estamos diante de uma nova era para o tratamento de lesões graves.

Com mais estudos, investimentos e, sobretudo, se essa descoberta não for mercantilizada e chegar gratuitamente às pessoas com menor poder aquisitivo — onde se concentra o maior número de pessoas com deficiência física por lesão medular —, a transformação da vida de milhões de pessoas no Brasil e no mundo será uma certeza.

Vou cruzar os dedos, mesmo sendo tetraplégico.

Até a próxima!

Fontes:UFRJ
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